Com o objetivo de valorizar a cultura periférica de Belém, o disco “Stereocidade” será lançado com faixas de sete talentos locais. O debute ocorrerá na Usina da Paz da Terra Firme neste sábado, às 19h, e contará com uma mostra da coletânea, além de uma projeção visual do artista VJ Lobo. O projeto é resultado do Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura 2023.
O disco foi gravado e produzido por Léo Chermont, um dos grandes nomes da produção musical na Amazônia. Inspirado no coletivo Rádio Cipó, do início dos anos 2000, o “Stereocidade” busca evidenciar as composições da periferia. O objetivo é documentar e registrar o trabalho de pessoas que, muitas vezes, não têm reconhecimento dentro da própria comunidade.
Para o jornalista e produtor musical Ruy Montalvão, a importância do projeto é mostrar que a periferia não produz apenas um tipo de música. “A periferia é diversa em todos os sentidos e sempre nos ensina muito. E falando de música, a gente já tem a experiência do brega, do tecnobrega, da guitarrada. Na periferia também tem boi, tem cultura popular, rap, música eletrônica, blues”, comentou.
O profissional também comenta sobre a escolha para o local do lançamento. “A opção de fazer na Usipaz da Terra Firme vem justamente dessa proposta sonora de ser parte da comunidade, de apresentar essa produção criada para a própria comunidade, para os próprios moradores. Além da da mostra, que vai conter as 7 faixas do disco, a gente vai ter a projeção visual do artista VJ Lobo e algumas outras participações”.
Inspiração - O coletivo Rádio Cipó trouxe para a cena cultural, a artista Dona Onete e o Mestre Laurentino. O projeto tinha como objetivo o diálogo intergeracional com artistas da cultura popular e aqueles que já produziam música, utilizando equipamentos eletrônicos em suas composições. É a partir desse conceito que nasce o “Stereocidade”, cujo foco é direcionado para a questão da vulnerabilidade artística.
“Muitas vezes esses artistas, por morarem nesses territórios, são desfavorecidos socioeconomicamente; eles acreditam que, por estarem nesse contexto desfavorável, seus trabalhos nunca serão reconhecidos. Então a gente quer trazer essa produção, quer registrar, documentar e dialogar com esse trabalho”, afirmou Montalvão.
Incentivo - O projeto foi contemplado pelo Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura 2023, executado pela Fundação Cultural do Pará. O edital selecionou cerca de 200 propostas nas áreas de artes visuais, teatro, dança, circo, artes musicais e literárias, audiovisual, design e moda, diversidade cultural e transformação social. O valor total destinado aos artistas é de 6 milhões de reais.
Ruy Montalvão ressalta a importância do concurso para a realização de seu projeto. “Eu acredito que esse Prêmio de Incentivo à Arte e à Cultura da Fundação Cultural do Pará vem para mostrar que artistas como eu não precisam desistir. Eu já havia tentado, por diversas vezes, participar de vários editais e nunca fui contemplado. E dessa vez eu tô conseguindo ajudar muita gente com o prêmio”, revelou.
“Ele não é um projeto meu, ele está mais para alcançar pessoas e jogar o holofote para uma causa muito maior que é a questão da da política cultural, chegando onde ela precisa chegar. É política de inclusão sendo aplicada, sendo decidida. É um orçamento público que está sendo destinado a uma população que precisa ser vista e alcançada’, agradeceu o produtor.
“Eu quero convidar todos e todas que estão conferindo essa matéria que possa comparecer no nosso show, na nossa mostra no próximo dia 25, na Usipaz da Terra firme e conferir o projeto Stereocidade que está conectando as quebradas”, convidou Montalvão.
Serviço
Lançamento do Disco “Stereocidade”
Data: 25/11
Local: Usina da Paz da Terra Firme
Endereço: Av. Doutor Freitas, 2531