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Aos 153 anos, Biblioteca Pública Arthur Vianna se mantém como guardiã da história do Pará

O espaço, que funciona desde 1986 no Centur, resguarda acervo de Obras Raras, além de livros diversos, revistas em quadrinhos, material audiovisual e musical
Por Jhullyele Santos (ASCOM)
25/03/2024 11h18

A Biblioteca Pública Arthur Vianna (BPAV), localizada na sede da Fundação Cultural do Pará (FCP), no Centur, em Belém, comemora nesta segunda-feira, 25 de março, 153 anos. Criada em 1871, a biblioteca passou por diversos lugares, mas para sua própria expansão, em 1986 foi transferida para o Centur, onde funciona até hoje com a denominação de Biblioteca Pública Arthur Vianna.

O espaço é considerado um dos mais importantes para a cultura do Pará, abrigando obras raras dos setores audiovisual, musical e literário, que compõem um acervo de aproximadamente 800 mil volumes. Em 2023, a Biblioteca recebeu 74.313 usuários de forma presencial, enquanto 76.586 usuários, dentro e fora do Brasil, acessaram o acervo digital de obras raras.

Ocupando dois andares, no 2º e 3º andares do Centur, a Biblioteca chega a receber cerca de mil pessoas por dia, entre crianças, jovens, idosos, adultos, pessoas em vulnerabilidade social e deficientes visuais, que utilizam o acervo (livros, revistas em quadrinhos, DVDs, livros falados etc.) e seus serviços (empréstimo, cadastramento de usuários, acesso à internet e programações culturais). Além da literatura, nos demais ambientes há o Espaço Braille, a Fonoteca Satyro de Mello, Gibiteca, Brinquedoteca, o auditório Aloysio Chaves e a Sala de Restauros.

À Biblioteca Pública Arthur Vianna também estão vinculados os seguintes espaços: “Francisco Paulo Mendes”, na Casa da Linguagem; “Vicente Sales”, na Casa das Artes; “Carmen Souza”, no Núcleo de Oficinas Curro Velho, e as bibliotecas localizadas nas Usinas da Paz da Região Metropolitana de Belém e no sudeste do Estado.

Espaço de convivência e lazer - Socorro Baía, coordenadora da Biblioteca Pública Arthur Vianna, ressalta a importância da biblioteca física na era digital. “Apesar dos avanços digitais e de muitas informações encontradas na internet, ainda há grande procura pelos espaços e acervos impressos na Biblioteca, pois são espaços informacionais, culturais e até sociais, em que as pessoas vêm para estudar, pesquisar, acessar a internet, assim como para se encontrar e conversar, assistir a filmes, escutar músicas, tornando-se também um espaço de convivência e lazer”, informa a coordenadora.

Advogado, Mateus Aguiar frequenta todos os dias a Biblioteca Pública, que considera um espaço de fomento à cultural. “Achei interessante a acessibilidade cultural proporcionada por esse lugar, especialmente para aqueles que talvez não tenham outras formas de acesso à história e à cultura. Com certeza, ter esses espaços disponíveis gratuitamente enriquece a vida das pessoas e fortalece a identidade cultural da região”, avalia o usuário.

“Todos os anos, no mês de aniversário da Biblioteca (março), fazemos uma campanha de devolução de livros atrasados, pois temos a intenção de aproximar este leitor que não estava mais frequentando a Biblioteca devido estar em atraso com livros, para que retornem e possam, novamente, usufruir do acervo e dos serviços oferecidos”, diz Socorro Baía.

A BPAV já possui um acervo disponibilizado ao público referente às Obras Raras, com acesso pelo endereço eletrônico http://obrasraras.fcp.pa.gov.br/, oferecido para que pesquisadores, estudantes e a comunidade em geral possam ter acesso a obras essenciais sobre a história do Pará e do Brasil.

História - Em 1839, a proposta de fundar uma biblioteca pública na Província do Pará foi levada à Câmara Municipal de Lisboa, onde teve algumas rejeições, mas foi aprovada pela Assembleia Provincial. Após sete anos, foi criada a Biblioteca Pública, anexa ao Lyceu Paraense, o atual Colégio Paes de Carvalho, da rede pública estadual de ensino.

Após algum tempo de funcionamento, a Biblioteca foi transferida para o prédio do antigo Convento do Carmo, onde ficou abandonada por dez anos, quando foi instituída como órgão público e realocada no Lyceu Paraense. No Governo de Lauro Sodré, a Biblioteca passou a funcionar no lugar do Banco Commercial do Pará, onde hoje está o Arquivo Público do Pará, que em 1894 foi oficialmente incorporado à Biblioteca.

Homenagem - Arthur Vianna (1873-1911), homenageado ao dar nome à Biblioteca Pública, foi farmacêutico, médico, funcionário público e historiador no início do século XX. Ele organizou o Arquivo Público e a Biblioteca Pública do Pará, trabalhando pela preservação da documentação da história paraense.

Também foi literato e jornalista, escrevendo para jornais e outras publicações, como A Província do Pará, Folha do Norte, Diário de Notícias, Democrata e Revista Pará Médico. Arthur Vianna fundou ainda a Academia Paraense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP).